quinta-feira, 14 de maio de 2009

Você trabalharia para uma mulher?

Por Adriano Silva - Portal Exame

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Tem homem que prefere ter como chefe uma mulher. E outros que não admitem essa possibilidade. (Há organizações inteiras cuja cultura exclui a chance de haver mulheres na alta gerência. Em pleno anno domini de 2009!) Tem mulher que detesta ter outra mulher como chefe. Como é comum em questões de gênero no país, os maiores preconceitos que já presenciei contra as mulheres advêm das próprias mulheres. Das donas de casa que foram às ruas apoiar ostensivamente Doca Street depois de ele ter assassinado Angela Diniz às moças que sempre imaginam que as barbeiragens são realizadas por outras mulheres ao volante. (Pois é. Não são só os homens que xingam a Dona Maria no trânsito. Muito ao contrário. Ainda que na maioria das vezes o culpado seja um barbado. Ainda que o seguro automotivo seja mais barato quando o condutor é uma mulher exatamente porque elas se envolvem em menos acidentes.)

No mundo do trabalho, a visão sexista pressupõe que as mulheres sejam um tipo diferente de executivo, de chefe, de subordinado, de funcionário só pelo fato de serem mulheres. Às vezes esse viés é positivo e enaltece as qualidades femininas à frente dos negócios. Às vezes esse viés é negativo e derruba de antemão todas as possibilidades das mulheres no jogo corporativo. Como se o gênero feminino inteiro tivesse jeitos e peculariedades que fossem só dele, que não fossem compartilhados por mais ninguém nem nesse planeta nem nos demais, e que não fossem exatamente recomendáveis para posições de responsabilidade e decisão. A meu ver, ambas as visões são discriminatórias. E altamente imprecisas.

Há ótimas executivas. E grandes chefes mulheres. E há executivas que são gerentões dos anos 80, no pior sentido da expressão. Que são chefes brutais, que maceram os talentos e desestimulam o mundo à sua volta. Há executivas sensíveis, delicadas, habilidosas, femininas. E há tratores, caminhões pouco inteligentes e pouco charmosos, carregados com toneladas de insegurança. Há o toque maternal, as vantagens competitivas de quem nasceu com útero e mamas. E há mulheres masculinizadas pelo piores parâmetros que os homens têm a oferecer, com mais sede de sangue do que um general huno, mais perversas e insidiosas e corrosivas do que qualquer par de cuecas jamais poderá ser.

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